Wednesday, November 25, 2009

O Cravo e a Rosa

"O cravo brigou com a rosa

Debaixo de uma latada

O cravo saiu ferido

E a rosa despedaçada"

(Cantiga de roda)


A canção de roda serve como metáfora para ilustrar a situação real em que o masculino (cravo) e o feminino (rosa) se ferem no dia a dia, se maltratam, se despedaçam, ambos terminando feridos, tantas vezes de morte.

Existe um ser ferido na necessidade de reafirmar e provar, em altos brados, que é macho e não homem. Por outro lado, está lá a rosa, desvalorizada em relação ao mundo masculino.

Os modos de educar e socializar meninos e meninas pouco mudaram em relação aos séculos passados. Consideradas inferiores e descartáveis, as mulheres ainda não alcançaram o status de cidadãs, na plenitude dos direitos humanos. Percebe-se isso na divisão sexual do trabalho, onde os salários são mais vantajosos para os homens. Percebe-se ainda na divisão do trabalho doméstico, onde este se acumula, para o sexo feminino, junto ao trabalho remunerado fora do lar.

A discriminação contra a mulher evidencia-se mais tragicamente na situação de dependência afetiva, psicológica e financeira, aliadas à baixa auto-estima, que a torna vulnerável ao fenômeno cada vez mais crescente da violência doméstica.

A Lei Maria da Penha foi um advento importante para coibir a agressão contra as mulheres. Mas ainda não conseguiu mudar a mentalidade do homem e da mulher quando educam seus filhos e filhas. Elas não são educadas para serem protagonistas da própria história. Ao contrário, são educadas para a subalternidade e inferioridade. Por isso, grande parte delas não desenvolvem a capacidade de se auto-governarem.

A autonomia exige consciência, capacidade de escolha, liberdade de pensamento e de ação. Mais que isso, exige uma série de atitudes de afirmação de si na relação com o mundo e com os outros.

A discriminação inferioriza as mulheres de diferentes classes sociais e níveis de escolaridade, pois não se trata de um fenômeno de classe, mas cultural. É uma condição que se esteia em valores e crenças enraizados, que antagonizam homens e mulheres como se fossem indivíduos de mundos diferentes.

A autonomia das mulheres no mundo atual é condição indispensável para a eliminação do machismo e da violência sexista.


Nilze Costa e Silva

Tuesday, July 14, 2009

Convido os amigos e amigas para este evento

Quarta Literária Especial

Convidado: Nilze Costa e Silva
Dia: 15 de julho de 2008 (quarta-feira)
Horário: 19h30
Local: Salão de Eventos da Biblioteca Pública Gov. Menezes Pimentel
Entrada franca

Saturday, July 11, 2009

CENTRO CULTURAL DO BNB
- OUVIR DIZER -

Dia 14 DE JULHO, TERÇA, 15h30 às 16h30

Leituras dramatizadas de textos de autores da literatura brasileira e universal.

Não percam o grande bruxo do teatro cearense e brasileiro!

A platéia apreciará a leitura dramatizada por Ricardo Guilherme
de trechos da obra de Nilze Costa e Silva.

Sunday, May 31, 2009

Quem era Augusto Pontes?


Se me perguntassem quem era Augusto Pontes, essa figura carismática da cultura cearense que Deus levou recentemente para outra esfera, eu repetiria tudo que já se falou dele, acrescentando apenas isso: era um homem que acreditava nas pessoas. Digo isso porque não devo ter sido uma privilegiada com relação à sua fé no ser humano. Eu não fiz parte do seu círculo de amizades, nem freqüentei suas rodas de boemia. Era apenas uma admiradora distante. Fã mesmo. Eis que um dia ele se torna presidente da Fundação Cultural de Fortaleza. Nesta época eu me encontrava um tanto distante da escrita, há anos não publicava, metida com movimentos sociais, leitura e estudo. Instigada pelo curso de especialização em Teoria da Literatura, pensei em publicar minha monografia, Mulheres de Papel, um ensaio sobre o personagem feminino através dos vários estilos de época. O livro ficou pronto e eu sem dinheiro para publicar.

Então, pensei em ir falar direto com o Augusto Pontes na Fundação Cultural. Talvez uma ousadia, por ele não me conhecer e ser uma pessoa de grande relevância no panorama cultural local. Anunciei-me já pensando: ele não vai me receber, por que iria? Mas ele abriu-me a porta sem protocolo, me mandou sentar e fui logo falando que estava ali porque ia desistir da minha carreira literária devido a total falta de dinheiro para publicar minhas obras. Eu falei, falei, e ele não quis muito papo. Só respondeu: “Jamais! Você não vai desistir da sua carreira literária por falta de incentivo”. Prometeu-me uma resposta dali a 15 dias.

Não me perguntem como foi nem se isso é possível. Mas eu saí da Fundação aturdida com um bolo de dinheiro que mal cabia na minha bolsa. Só foi o tempo de reunir meus escritos e entrar na primeira gráfica. Com pouca experiência, a edição saiu péssima, mas com bom conteúdo.

Para mim somente uma coisa importava: Aquele “cara” impulsivo, mais do que ceder a minha chantagem literária, acreditou na jovem escritora emergente. Eu nunca mais deixaria de escrever.

Nilze Costa e Silva