Assisti ao filme ``Lula, o filho do Brasil`` quase sempre com lágrimas nos olhos. O filme, na realidade, tem o mérito de homenagear uma mulher valente e voluntariosa. Uma mulher guerreira, modelo de superação da extrema pobreza, da fome, do exílio forçado, do abandono e da violência doméstica.
Dona Lidu era uma mulher teimosa. Saiu de Garanhuns, agreste de Pernambuco, região castigada pela seca, carregando oito filhos em busca de uma vida melhor em São Paulo. Lá morava o marido, que a largou com um filho na barriga. Entrou com seus rebentos em um caminhão pau-de-arara e garantiu a todos eles que a vida iria melhorar. ``É só teimar``, dizia ela. Enfrentando poeira, calor e fome, trazia no colo um menino que se tornaria presidente do maior país da América Latina.
Em Santos, Lidu teve que lutar, enfrentar enchentes e brigar para defender seus filhos do pai violento e alcoólatra. Os filhos pequenos tornam-se vítimas do trabalho infantil e começam a trabalhar como ambulantes, engraxates e empregados domésticos para ajudar no sustento da família. Mas Dona Lidu teimava em manter a família unida e honesta. Lidu era dessas pessoas otimistas, confiante no futuro. Foi ela quem, pessoalmente, matriculou o futuro presidente no curso de torneiro mecânico e estava lá aplaudindo quando ele recebeu o certificado.
Tinha sempre um abraço e um afago, na alegria e na tristeza, inclusive quando ele perdeu um dedo da mão em um acidente de trabalho. Quando Lula enfrentou a dor de ver mortos sua primeira esposa e o filho, ao mesmo tempo, ela estava lá, consolando-o. Lula entrou no movimento sindical contra a sua vontade. Durante a ditadura, a mãe chorava com a possibilidade de sua prisão. O filme nos enche de esperança. É um grande exemplo para os brasileiros, a provar que com honestidade, trabalho e inteligência um menino pobre e nordestino pode se tornar um líder operário e até chegar à presidência da República.
Nasci na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Sou aquariana, de 19 de fevereiro. Sem tendências para as migrações continentais, preferi a vida mais calma que ainda se pode levar no País dos Nordestinos. Dentre as opções oferecidas pela própria região, decidiram por mim que, a partir de 1 ano de idade, eu iria morar numa cidade muito amada: Fortaleza-Ceará. Verdadeiramente apaixonada por essa cidade, moro nela até hoje.
Meninei pela rua Dragão do Mar até os 13 anos, banhando-me nas águas cálidas da Praia de Iracema, em frente ao histórico bar Estoril, que mais tarde freqüentaria nas noites de boemia e onde também coordenaria o projeto Poemas Violados, roda de poesia intercalada por música ao violão da (quem diria!) minha filha Aline Costa.
Levada da praia de Iracema por meus pais, ainda olhei longe o mar, antevendo que um dia adotaria uma outra praia, dessa vez Lagoinha, recanto lindo onde gosto de ir nos feriadões para ler, meditar, orar, escrever, tomar sol e também umas cervejinhas que ninguém é de ferro, nem mesmo o poeta de Itabira, Drumond de Andrade.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.E lastimava, ignorante, a falta.Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.A ausência é um estar em mim.E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada,ninguém a rouba mais de mim.
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face?
Se você quiser adivinhar o mistério, Paulinho, experimente você mesmo franzir o nariz para ver se dá certo. É capaz de você mesmo descobrir a solução, porque menino e menina entendem mais de coelho do que pai e mãe. Quando você descobrir me conta.
Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda brilha, porque alta vive.
Se tu me amas, ama-me baixinho. Não o grites de cima dos telhados. Deixa em paz os passarinhos. Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda.